Arquivo para julho, 2010

(Sem)Pre-sentimento

Posted in Dos desvarios. on 31/07/2010 by adrianatribal
   Tem dia de dores pressentidas, dias que avisam sobre cuidados , que sussurram ameaças de dores, dores e gelo. É sem explicação, é também sem motivos, eu sei de tudo isso, não precisa me dizer, mas eu sei também dos escondidos, do que se permitiu espiar pelas frestas e foi pego num vislumbre tétrico, nem sempre se vê bem na primeira vez, a nuance fica escondida e é pega pelo rabo do olho, encara a pupila, bota na retina uma face distorcida da realidade que achávamos imutável.
    Hoje é um dia de dores inventadas e adivinhadas.
    E eu gostava mais das primeiras frases, mesmo que a pontuação não estivesse correta, mesmo que o sentido real nunca tenha existido.
    Metade de nada é coisa nenhuma e pouco é menos da metade.
    Continuo querendo mais do que vem nos milagres. Continuo querendo um milagre. Continuo querendo mais. Continuo querendo tudo.

Tatuagens

Posted in Música on 30/07/2010 by adrianatribal

 

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti

Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar

Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão

Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti

Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar

Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim

Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão

YouTube – Mafalda Veiga- Tatuagens
 

Devagar Comigo…

Posted in Dos desvarios. on 29/07/2010 by adrianatribal

Devagar comigo que eu sou de barro

Não precisa tapas, nem com flor me bata

Leve-me contigo dentro do teu carro

Um susto me mata, basta uma barata

Não me esculache nunca me despache

Chegue tome conta, pague minhas contas

Depressa me abrace passe-me e repasse

O amor que conta, afinal de contas

Tenho mil caprichos adoro poemas

Faça o impossível, eu sou de cristal

Devagar com isso leve-me ao cinema

Sou um ser sensível, canto coisa e tal

Chegue tome conta leve-me p’ra cama

Nunca mais me largue, grude no meu pé

Um dois três me adoce leve à boca e coma

Pegue-me e guarde, faça o que quiser

(Itamar Assumpção)

Flores

Posted in Comidas e bebidas on 21/07/2010 by adrianatribal
                                                                                                         (Câmpanulas)

Sete

Posted in Dos desvarios. on 16/07/2010 by adrianatribal



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Faz hoje sete dias que se foi. Acabei de contar os sete traços de tinta preta que fui fazendo, um por um, cada noite depois de sua partida, exatamente naquela vidraça que eu tinha pensado em começar a pintar quando chegou, no meio da chuva. Completei o sétimo há pouco. São seis traços irregulares, quase ideogramas chineses, e um bem definido — um risco reto, seco, sem hesitações nem adornos, o último. Atrás dos sete traços posso ver a rua deserta e, do outro lado, a casa onde sem parar entram, saem pessoas. Pela porta aberta, quando terminei o sétimo risco imaginei ver uma noiva subindo as escadas, com outras moças se aglomerando embaixo, como se ela fosse jogar o buquê. Ouvi uns risos de criança, tinir de copos, champanhes. Bons augúrios, pensei. Mas não prestei muita atenção, nem me alegrei. Não tenho certeza do que imagino ter visto. Preferi olhar para além da casa, para além da rua.
O sol acabou de se pôr. Nestes sete dias, a chuva foi parando aos poucos. Ficou apenas o cinza. Há muitas nuvens no céu, sobre os edifícios. São essas nuvens que estão agora muito coloridas, azuis profundos invadindo o roxo para transformar-se em laranja, em dourado na altura do que deve ser o horizonte.
Os raios suspensos sobre a cidade. Se descesse ao andar inferior poderia talvez ver como antes esses raios soltos de luz varando os roxos, os amarelos pintados nos vidros da porta de entrada para misturar as cores sobre os objetos. Poucas vezes desci, depois que se foi.
Na verdade, não sei ao certo como atravessei os primeiros destes últimos sete dias. Talvez tenha dormido ou me movimentado dentro de alguma daquelas visões do buraco negro, porque lembro de uma espécie de névoa rompida de vez em quando por algum ruído, alguma forma. Talvez não tenham sido visões, mas sonhos, se realmente dormi. De qualquer forma, não eram exatamente iguais às visões de antes da vinda dele, nada de cobras ou aves ou partes isoladas de corpos, como mãos ou rostos. Havia pessoas inteiras dentro dessa névoa, mesmo que eu não conseguisse vê-las, ainda que não possuíssem corpos. 

(…)

Tenho vontade de cantar também. Um canto feito de palavras, não como o antigo.
Daqui a pouco vai amanhecer. Há um vago cheiro de mar solto nas ruas.
Hesito um pouco na esquina. Antes de me pôr a caminho, abro devagar e completamente os braços para depois fechá-los arredondados, tocando suavemente as pontas dos dedos de uma das mãos nas pontas dos dedos da outra. Como se faz para abraçar uma pessoa. Mas não há nada entre meus braços além do ar da manhã. Suspiro, sorrio, desfaço o abraço.
Então, com as mãos vazias, finalmente começo a navegar

(Caio Fernando Abreu)



Quando eu te encontrar.

Posted in Dos desvarios. on 12/07/2010 by adrianatribal




Eu já sei o que meus olhos vão querer
Quando eu te encontrar
Impedidos de te ver
Vão querer chorar
Um riso incontido
Perdido em algum lugar
Felicidade que transborda
Parece não querer parar
Não quer parar
Não vai parar

Eu já sei o que meus lábios vão querer
Quando eu te encontrar
Molhados de prazer
Vão querer beijar
E o que na vida não se cansa
De se apresentar
Por ser lugar comum
Deixamos de extravazar, de demonstrar

Nunca me disseram o que devo fazer
Quando a saudade acorda
A beleza que faz sofrer
Nunca me disseram como devo proceder
Chorar, beijar, te abraçar, é isso que quero fazer
É isso que quero dizer

Eu já sei o que meus braços vão querer
Quando eu te encontrar
Na forma de um "C"
Vão te abraçar
Um abraço apertado
Pra você não escapar
Se você foge me faz crer
Que o mundo pode acabar, vai acabar
(Biquini Cavadão.)

O que será que será??

Posted in Saúde e bem-estar on 10/07/2010 by adrianatribal


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– Então Charlie Brown, o que é amor pra você?
– Em 1987 meu pai tinha um carro azul.
– Mas o que isso tem a ver com amor?
– Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir..
Acho que isso é amor.



A rosa.

Posted in Música on 06/07/2010 by adrianatribal

 

  

Dizem que o amor, é como um rio
que inunda paradisíacas paisagens
Dizem que é o amor é uma navalha
que faz sua alma sangrar


Dizem que o amor, como a fome;
É uma necessidade insaciável
Mas, eu acho que o amor é como uma flor
e você, sua única semente


É o coração que assustado com as batidas
nunca aprende a dançar
É o sonho, que com medo do despertar
se mantêm na escuridão.


É aquele que nunca será escolhido
por não se por a prova
E a alma que por medo de morrer
nunca aprende a viver


Quando a noite se faz solitária
e a estrada, muito longa
e você, vê no amor algo pra poucos,
os sortudos e afortunados


Pare!, e lembre-se que no inverno,
Lá embaixo da fria neve
Mora uma sementinha, que com o calor do amor
Florescerá numa linda ROSA.

YouTube – The Rose – Bette Midler
 

Quando Ismália enlouqueceu

Posted in Dos desvarios. on 06/07/2010 by adrianatribal
Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar..

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar

Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar

Estava perto do céu,
Estava longe do mar..

E como um anjo pendeu

As asas para voar
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar..

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..

Precipício.

Posted in Dos desvarios. on 05/07/2010 by adrianatribal
“E se eu me abandonasse aqui, ao pé da escada, um dia virias me colocar umas luas nos olhos? Virias me tomar no colo, apascentar minhas mãos, tirar o veneno da minha língua num beijo de certezas e promessas nunca feitas? Te interrogo e em meu peito se fazem antigas todas as asas e morrem mais alguns dos sonhos aninhados entre os meus seios. Se faz tarde e eu suplico teu resgate. Não demora o gosto de sangue a se espalhar nos lábios e eu preciso que imprimas meu nome junto ao teu no lugar mais azul do dia, que chames por mim antes que eu te desespere e adormeça.”

E se eu me perdesse, você me procuraria..?