Archive for the Eu queria ter dito… Category

Achei.

Posted in Eu queria ter dito... on 22/06/2010 by adrianatribal

"Eu quero ir embora, eu quero um amor que me carregue para longe daqui, que me leve, me leve, me leve embora, me ame com força e desespero, machuque minha boca no primeiro beijo porque queria muito, que tatue meu nome no braço mesmo sabendo que não é para sempre. Vamos fugir, vamos sumir, ser estranhos longe de todo mundo. Eu quero um amor que me puxe com força e não me dê opção senão me deixar levar, eu quero ir, eu quero ir, eu quero ir embora daqui. Eu quero um amor que me perca, me ache, me deixe tonta e confusa, eu quero, eu quero um amor que me leve, que perca, me ache, que me ganhe de cara. Que me guie, me guarde, me governe, me ilumine, me incendeie, me cause insônia e raiva e ciúme e lágrimas e febre e riso. Eu quero um amor que me canse, me canse, não canse nunca e me canse e se canse. Eu quero um amor de verdade, puro, limpo, imaculado, sagrado, que vá até o fundo, até onde ninguém foi. Eu quero um amor que me olhe nos olhos, não tenha medo de se jogar no abismo, de se jogar em mim, disposto a arder no inferno por nós. Que esteja lá não importando para onde eu queira ir. Eu quero um amor de janta e café da manhã, que não prometa nada, que não dê nada além do que for tão verdadeiro que me deixe doente, louca, rouca, suada, cansada, que arranque minha paz junto com meu coração. Eu quero um amor que me leve até o fim."

Achei por aí, autor desconhecido.

Vai brincar lá fora…

Posted in Eu queria ter dito... on 13/08/2009 by adrianatribal
 
 
 

"Daqui a cinco milhões de anos, não vai mais existir nenhum ser que você conheça, ou reconheça, sobre a face da Terra. Tudo que você faz, pensa, é, não é, quer ser, seu CIC, seu passado, seus descendentes, seu problema de menisco, sua bisavó maluca, o Messias de Haendel, o PCC, o suco de uva em caixinha, as plásticas da sua atriz favorita, o sorriso do seu filho, o Calheiros, as obras de Van Gogh, esse seu livro sobre Rembrandt que dá tanto orgulho, o Supremo Tribunal Federal, a borrachinha do freezer, a liquidação na Oscar Freire, essas birras miúdas, as grandes questões, o livro novo do A. Bourdain… nada disso significará mais nada.  Vá brincar lá fora."
 
(Daqui:http: http://colunistas.ig.com.br/palavrasdafal/ ) E, como é tudim verdade o que sai da pena da Fal, estaremos indo brincar lá fora.
 
 

Irritação.

Posted in Eu queria ter dito... on 08/07/2009 by adrianatribal
 
 
"Quando tudo, mas tudo mesmo, irrita, é você que tem problemas, não o mundo. E o que é pior: o mundo sabe disso."
 
 (Fal Azevedo)
 
E olha que hoje eu tô feliz que só….
 
 
 

Televisão, vc ainda vai ter uma.

Posted in Eu queria ter dito... on 09/06/2009 by adrianatribal
 

A IMPONTUALIDADE DO AMOR

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.

Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?

Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.

O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.

O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.

A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.

 

(Martha Medeiros)

Sussurros

Posted in Eu queria ter dito... on 30/05/2009 by adrianatribal
Silêncio amoroso 1

Deixa que eu te ame em silêncio.
Não pergunte, não se explique, deixe
que nossas línguas se toquem, e as bocas
e a pele
falem seus líquidos desejos.

Deixa que eu te ame sem palavras
a não ser aquelas que na lembrança ficarão
pulsando para sempre
como se amor e vida
fossem um discurso
de impronunciáveis emoções.

Silêncio amoroso 2

Preciso do teu silêncio
cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fale.
Um sopro, a menor vogal
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai rachar.

O silêncio, aprendo,
pode construir. É modo
denso/tenso
– de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar.
 

 
(Afonso Romano De Santana)
 
 

La vie immèdiate

Posted in Eu queria ter dito... on 28/05/2009 by adrianatribal
 
Adeus tristeza
Bom dia tristeza
Estás inscrita nas linhas do teto
Estás inscrita nos olhos que amo
Não és exatamente a miséria
Porque os lábios mais pobres te denunciam
Por um sorriso
Bom dia tristeza
Amor dos corpos amáveis
Potência do amor
De que surge a amabilidade
Como um monstro sem corpo
Cabeça desapontada
Tristeza belo rosto.
 
(Paul Eluard)
 

Agradecimentos

Posted in Eu queria ter dito... on 05/05/2009 by adrianatribal
 
 
 
"Eu um dia tenho que te agradecer por ter sido tão doce comigo. tão doce justo quando a coerência previa a frieza. eu um dia tenho que te agradecer por ter se educado sozinho na semântica do meu vocabulário e ter me surpreendido com a pronúncia das minhas próprias palavras. eu um dia tenho que te agradecer pela delicadeza e pela intensidade, talvez na única vez na minha vida que eu estava preparada e esperando a aspereza. eu um dia tenho que te agradecer por você ainda não ter me contado aquela tua verdade.
porque assim eu posso fingir que não sei e me permito viver mais uns dias nessa nossa cápsula hermética de felicidade-mentirinha."
(Mirella)

AMIGOPOETA

Posted in Eu queria ter dito... on 03/05/2009 by adrianatribal
 
 
"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste.

Que o homem que eu amo seja sempre amado, mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimento.

Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância,

porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito

e que o teu silêncio me fale cada vez mais

porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer,

porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também!"

" Viva de modo que sua presença não seja notada, mas que sua ausência seja extremamente sentida "

(Eu roubei isso, da forma mais escrota possível, e é de um amigopoeta.
Sorry, amigopoeta, mas naõ resisti)

Notas para um livro bonito.

Posted in Eu queria ter dito... on 28/04/2009 by adrianatribal
Os sapatos dele são dois aquários. Presente dela. Os brônquios dão-lhe broncas em forma de tosses, crises de tosses. Seu casaco e sua camiseta são, igualmente, aquários, um dentro do outro.

A Tristeza… ela tem aqueles olhos envenenados pela dor dos outros. Mas pra ela eu sou um nada, um cílio úmido no rosto. Estar com você não é destruidor, é só triste como o tempo retido entre pálpebras que se fecham lentas… Peixe eu, peixe eu, peixe eu, Peixeu paixão. Tem que ter um jeito de resolver isso. Não quero essa carga. Ela é minha? Bulshit. Estar com ela é como ter companhia pra ficar sozinho. Lembro quando você era uma coisinha do tamanho de um girino, uma Tristezazinha perdida no temporal. Uma Tristezinha encharcada, completamente sozinha, esquecida no dilúvio. Mas eu já estava submerso, eu era incapaz de ouvir todo aquele barulho ao redor. Até que você meteu suas ventosas em mim e… A Tristeza ela tem esse poder. Ela encosta em você com aquelas mãos lisas, lisístratas, com aquelas mãos a Tristeza finca as unhas e vai entrando, modificando teu corpo. A Tristeza faz moradia em você, a Tênia, ela perdura dentro do sangue. De vez em quando você tenta se livrar, você chama a Tristeza na chincha, pega ela pelo colarinho: Sua filha da puta, me deixe em paz! Ai ai, geme a Trizteza, como você pode ser tão cruel com essa tua velha amiga?

Até esse momento ele deteve as mãos nos bolsos. Agora as tira e há membranas natatórias entre os dedos das mãos.

Peixe eu, peixe eu, Peixeu paixão. Eu sou um peixe porque não existe terra, existem Vilas Velhas que um dia foram fundo de oceano. E daqui onde estou não posso sequer enviar um postal de espantos, porque a umidade amolece os papéis, tudo esfarela.

Ele tira os sapatos, as meias, estão tatuados na barriga dos pés peixinhos, um cavalo marinho e o nome real da pessoa que aqui ele chama de Tristeza.

A Tristeza é uma peixeira afiada. Os olhos da peixeira são de uma alvura quase indolor, mas em certas ocasiões tornam-se verdes, é quando ela ´tá com fome de sexo. Se um peixe conhece o fundo das águas, eu posso retê-los depois de tê-los visitado por dentro. Não sou um peixe de rio, ou mar. Sou um peixe de neblina. E estou falando de uma tecnologia do afeto, uma espécie de coisa que permita que mesmo sem metáfora, sem linguagem, que permita que a gente compreenda que trepar é fazer poema, e que ir embora é assassinar. Quando a Tristeza me assassinou ela foi abominavelmente lenta. A Tristeza conhece mecanismos de tortura. Mas por quê, por que você está fazendo isso comigo? Porque com você o amor seria sério demais, eu teria que me comprometer, e eu tenho medo que tudo acabe mal. Mas Tristeza, vamos pelo menos tentar… Não! Não, é só o que sabe me dizer a Tristeza. Nãos. Perdoe se é um peixe-morto que envia esse postal de águas. Eu fui morto de tal modo que virei isso, uma boca aberta que não respira. Daí as sucessivas broncas que levo dos brônquios. Tristeza harpa, Tristeza harpia, Tristeza arpão. Se pudesse eu ficaria o tamanho do oceano olhando pra você. Eu ia olhar tão fundo, eu ia olhar até arrebentar os olhos como eles fossem duas lâmpadas que pá pééém.

Quando ele tira o casaco e a camiseta, estão tatuados no peito, na barriga, nas costas peixes, peixinhos, um tubarão e o nome real da pessoa que aqui se chama Tristeza.

Então depois seria nisso um céu propício para o sofrimento, mas o sofrimento de um sofrer tão bem lavado de escuridões, de uma limpidez de trevas tão contaminadas, que nesse buraco negro, você que é irmã siamesa da angústia, do medo, da auto-piedade, você que é essa fossa que não fede porém é intragável, você começaria a se transformar em outra coisa, e eu, minha Tristezazar, eu deixaria de sentir dor. Deixaria de sentir dor, e mesmo assim não seria um azulejo, já que azulejos não sentem dor, mas deixaria de sentir dor e continuaria sendo um peixe, eu, peixe, Peixeu paixão. E me olharia no espelho que é você, esse abismado mar revoltoso e revoltante, mas nem mais verdes seriam as lembranças de minhas retinas nem menos fatigadas. Até que, paixão, já morto, perguntaria: espelho, espelho eu, espelho sente dor?

                                                               (Luis Felipe Leprevost)

Dos sonhadores…

Posted in Eu queria ter dito... on 17/04/2009 by adrianatribal
                 Cala, amigo Sancho – respondeu D. Quixote -, que as coisas da guerra mais que as outras estão sujeitas a contínua mudança: quanto mais que eu penso, e assim é verdade, que aquele sábio Frestão que me roubou o aposento e os livros tornou esses gigantes em moinhos, para me roubar a glória do seu vencimento, tal e tanta é a inimizade que me tem; mas, ao cabo do cabo, de pouco valerão as suas más artes contra a bondade da minha espada.
 
                                                                                                                                          (O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes)