Uns sacos cheios de carícias, dez caixas de ternura, tres ou nove metros de ouvidos, os dois ombros.
Ando avarenta, e é por isso que tá me sobrando tanto.
Eu hoje daria até o que não tenho sobrando, eu daria amor.
E eu vou pra rua pro lugar mais sórdido da cidade entrar no inferno mais quente vou sair de Lilith, negra lua, minguada, eu vou morder os bárbaros, e assassinar os reis vou beber o que é amargo e suar suar suar até que saia do meu sistema esse desejo de ser milagre, eu vou sussurrar hai cais em ouvidos surdos e dançar em terrenos áridos e provocar espasmos em corpos antes tão seguros eu vou pisar em corações pisotear qualquer um que creia em meus bons modos. Daí, eu vou aprender a gritar. Eu não estou comportada hoje, tsc, tsc, tsc só falta de sono faz isso? Fraquinha eu…
”Dou-te meus olhos para tomares conta.”
E eu e eu e eu agora? talvez nao seja nada disso ou pelo menos seja isso, mas não deste tamanho. talvez seja um teste de deus talvez um castigo talvez tenham mandado o ruim todo de uma vez pro bom ser ainda mais bom quando decidir aparecer talvez deus mandou uma preparação pro tombo, e aí este não seria o tombo. eu não nasci pra isso. eu não suporto não consigo não posso. tem coisa que me mata 5 andares e eu sofro com todos os poros chorando e às vezes acho até bonito, se vira música boa. mas não vira e esse jeito de ser não sendo faz de mim uma idiota que não se enxerga ou uma pessoa alguns centímetros acima do solo bárbaro? eu penso penso muito, penso quando eu devia estar dormindo. penso quando eu devia ter calma. penso quando eu quero não pensar. eu temo as pessoas. eu temo as palavras que não saem do coração. eu temo gente que não chora, ou que só ri nas horas certas. eu temo não conseguir fazer eles verem que aqui dentro fulgura um estandarte azul, uma imensidão de coisas bonitas. eu temo viver a vida me escondendo e me forçando a ser assim assada. e até eu não conseguir mudar, fico com essa aura egoísta de guardar tudo. nao faz cara feia pra mim. eu temo que alguém olhe a minha vida, entre pelos fundos e comece a tirar as coisas de lugar, a dizer que faz mal. eu me dou ao luxo de só acreditar nos literatos e nos místicos e nos filósofos e não venha me dizer que são os burocratas que estão certos. onde jogar toda essa capacidade, se é que existe? não faz cara feia pra mim que o céu fecha cada vez que alguém faz cara feia e o núcleo do mundo se enfurece e dá no que dá, essa tormenta no mar, essa doença na alma.
( Foda, foda, foda, em todas as línguas e no sentido que ninguém quer)
(VERDE NÁUSEA)
Das palavras bonitas: Euphoria, assim, com ph por que pouca gente já sentiu.
"(Somos dois adolescentes abraçados na chuva
desaguando versos, verbos, luas e ventos.
Estar com ele é ter a medida exata do meu desejo:
desabito minha solidão
e atravesso a cidade submersa para tê-lo dentro)."
*Sonhando.