Archive for the transferências…/Dos desvarios. Category

Doação por avareza.

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 17/07/2009 by adrianatribal
 
 
Hoje estou precisando muito dar.
Uns sacos cheios de carícias, dez caixas de ternura, tres ou nove metros de ouvidos, os dois ombros.
Tenho precisamentos de dar também um monte enorme de mimos, daqueles que deixam as gentes mal acostumadas,
e colo, tenho sobrando um colo gostoso, aconchegante e com boa temperatura.
Ando avarenta, e é por isso que tá me sobrando tanto.
Eu hoje daria até o que não tenho sobrando, eu daria amor.
Mas não pra qualquer um e nem pra quem achasse que é uma boa idéia a devolução.
Eu não aceito devolução de fofulências.
 
 

Fantasmas & Antiguidades.

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 28/06/2009 by adrianatribal
 
 

Minha casa tem fantasmas. Três deles já se apresentaram, um deu nome e ocupação, dois tem medo de mim ainda, eles tem um medo assustador de mim.

 

*Ela é uma fantasma, só podia mesmo, mulher é que assombra a preguiça, tem dois olhos e todos os dedos são indicadores, fica sentada numa improvável cadeira de balanço e me olha sempre amiga/acusadora, eu provoco ela, deixo cair cinza no chão, não tiro o lixo do banheiro, não recolho a roupa quando seca (se recolho não dobro), eu encho o varal de baixarias íntimas. Provoco e não adianta, aqueles olhos mortiços ficam me seguindo até que eu ajoelhe e tire toda a sujeira do chão, até que eu ágüe as plantas e tire o pó dos meus cantos. Ela era amiga da minha avó, aquela que falava sozinha. Ela me cuida.

 

*Ele é o mais terno deles, embala meu sono, me acorda com cócegas ou tenta me sufocar, tanto faz, tudo serve ao seu bom humor. Ele toca violão no lado da minha cama, toca bem baixinho, pra não acordar a legião. Os dedos dele sangram quando toca e fica mais linda a música assim, música de doer, pedaços de alma morta escorrendo das mãos espalhadas onde eu piso, e eu não piso leve, não mesmo, eu não piso leve. Ele é também o mais bonito, o que mais sofreu.

 

*Esse não se mostra. É orgulhoso, é teimoso, faz de conta que não quer me agradar, passa por mim e finge que não me vê, como se fosse eu a intrusa. Ele mexe nas minhas gavetas, esconde minhas calcinhas mais bonitas, desfia os tecidos mais frágeis, estraga o que preparo pra festa e pra entrega, quando houver… Ele gosta dos meus livros e marca trechos que sempre me fazem chorar, ele bebe lágrimas e está sempre com sede por serem poucas e espaçadas minhas lágrimas (junto em lotes de milágrimas que entrego aos mercadores) ele vinagra meu vinho e azeda meu leite, e eu bebo mesmo assim pra saber do gosto dele. Ele é o que eu escolheria se fosse definir paixão, é o que eu escolheria se ele se mostrasse pra mim de novo, como naquela noite que pensei estar sonhando… É ele o mais delicado, e o que eu mais quero.

Inferno astral.

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 10/06/2009 by adrianatribal
 
 

E eu vou pra rua pro lugar mais sórdido da cidade entrar no inferno mais quente vou sair de Lilith, negra lua, minguada, eu vou morder os bárbaros, e assassinar os reis vou beber o que é amargo e suar suar suar até que saia do meu sistema esse desejo de ser milagre, eu vou sussurrar hai cais em ouvidos surdos e dançar em terrenos áridos e provocar espasmos em corpos antes tão seguros eu vou pisar em corações pisotear qualquer um que creia em meus bons modos. Daí, eu vou aprender a gritar. Eu não estou comportada hoje, tsc, tsc, tsc só falta de sono faz isso? Fraquinha eu…

 

”Dou-te meus olhos para tomares conta.”

NEM EXISTE MESS…

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 27/05/2009 by adrianatribal

 

 

  E eu e eu e eu agora? talvez nao seja nada disso ou pelo menos seja isso, mas não deste tamanho. talvez seja um teste de deus talvez um castigo talvez tenham mandado o ruim todo de uma vez pro bom ser ainda mais bom quando decidir aparecer talvez deus mandou uma preparação pro tombo, e aí este não seria o tombo. eu não nasci pra isso. eu não suporto não consigo não posso. tem coisa que me mata 5 andares e eu sofro com todos os poros chorando e às vezes acho até bonito, se vira música boa. mas não vira e esse jeito de ser não sendo faz de mim uma idiota que não se enxerga ou uma pessoa alguns centímetros acima do solo bárbaro? eu penso penso muito, penso quando eu devia estar dormindo. penso quando eu devia ter calma. penso quando eu quero não pensar. eu temo as pessoas. eu temo as palavras que não saem do coração. eu temo gente que não chora, ou que só ri nas horas certas. eu temo não conseguir fazer eles verem que aqui dentro fulgura um estandarte azul, uma imensidão de coisas bonitas. eu temo viver a vida me escondendo e me forçando a ser assim assada. e até eu não conseguir mudar, fico com essa aura egoísta de guardar tudo. nao faz cara feia pra mim. eu temo que alguém olhe a minha vida, entre pelos fundos e comece a tirar as coisas de lugar, a dizer que faz mal. eu me dou ao luxo de só acreditar nos literatos e nos místicos e nos filósofos e não venha me dizer que são os burocratas que estão certos. onde jogar toda essa capacidade, se é que existe? não faz cara feia pra mim que o céu fecha cada vez que alguém faz cara feia e o núcleo do mundo se enfurece e dá no que dá, essa tormenta no mar, essa doença na alma.

 

( Foda, foda, foda, em todas as línguas e no sentido que ninguém quer)

 (VERDE NÁUSEA)

Euforia.

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 15/05/2009 by adrianatribal
É quando a alma sai pra dar uma espiada de cima, e fica suspensa por borbulhas finíssimas, e nada ao redor dos corpos aconchegados, daí, morre de inveja e vem correndo entrar na festa, é a parada da respiração no meio dum suspiro.

Das palavras bonitas: Euphoria, assim, com ph por que pouca gente já sentiu.

 
 
 

Preguiça.

Posted in transferências.../Dos desvarios. on 13/05/2009 by adrianatribal
 
 
 
 
 
 
 
 

"(Somos dois adolescentes abraçados na chuva
desaguando versos, verbos, luas e ventos.
Estar com ele é ter a medida exata do meu desejo:
desabito minha solidão
e atravesso a cidade submersa para tê-lo dentro)."
*Sonhando.