Archive for the Transferências…/Eu queria ter dito… Category

Musa.

Posted in Transferências.../Eu queria ter dito... on 03/10/2009 by adrianatribal
      (…)cadê a
singelaza da tua pequena, ela não tá nem aí se tuas vísceras de poeta
carnívoro não precisam de férias, você vive agora piscando na tentativa
de reter o choro, você vive tendo que passar pomada analgésica no peito
constipado, e há essa qualidade aterradora no ar, essa adjetivação
constante relacionada a dor invisível que quando chega o fim da
madrugada ainda não acabou de te esmagar, e vem dela, de quem você
beijou as omoplatas numa noite triste, enquanto ela colhia as próprias
lágrimas com as mãos momentos antes de vocês se darem adeus pra sempre,
a garota que foi tua um dia, por ela agora você perde a madrugada lendo
um a um os 233 e-mails que trocaram, tentando entender em qual deles
escreveu a frase que botou tudo a perder, agora que é tarde demais,
agora que os olhos dela mudaram de cor sem que você compreendesse por
quais deletérios foi deixado pra trás
Leprevost, de novo. Daqui:   http://notasparaumlivrobonito.blogspot.com/   

Tempestade.

Posted in Transferências.../Eu queria ter dito... on 10/05/2009 by adrianatribal

 

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"Entre um cigarro e uma fresta de desespero, eu escolho a palavra. Tenho raiva de dores que me calam fundo. Filha de Iansã dos Ventos, eu mudo a direção das chuvas se pretendo outro tempo ou momento. Meu corpo é cais e mar aberto. Meu coração é caos, céu encoberto. Minha mente, esse relâmpago de luz.A escolha é sempre extrema.Não me comovem tuas palavras tão amenas.Então que minha sede traga tempestades e que meus seios incitem teus maiores incêndios. Não gosto de superfícies ilesas, eu busco o de dentro. Posso transformar tristeza em raiva pra sentir mais força. Posso afogar minha doçura num rio de águas tão enjoativas. Mas sei reverenciar o mar que temo.
E quando eu te tiver nos braços, Obaluaê, me escuta: você terá a realidade dos teus sonhos. Não pretenda minha fúria, queira-me mansa.Não pretenda minha mansidão, queira-me intensa. Perceba quando eu digo um sim dentro de um não.
E quando eu te tiver nos braços, Obaluaê, me escuta: só te restará a escolha entre a tempestade e o furacão."

 

(Marla de Queirós)

 

Matéria de felicidade

Posted in Transferências.../Eu queria ter dito... on 10/05/2009 by adrianatribal

Você vai me fazer feliz?

 

– Não, não vou. Não sou deus, nem prozac, sou só um ser humano tentando desgraçadamente ser feliz. Vou fazer o possível para que você seja feliz a meu lado tanto quanto isso puder ser compatível com a minha própria felicidade, mas não, não vou fazer nada além disso. Até porque, não há nada a ser feito acerca da your private own felicidade. A sua felicidade é sua mesmo, é você quem faz todo dia, um pouquinho, com dor, com dificuldade, superando os seus monstros, as suas limitações, mudando o que dá pra ser mudado, aceitando e justificando condizentemente o que não dá, rezando, se psicanalisando, correndo, comendo chocolate, meditando, crescendo, sofrendo, perdendo, ganhando, ficando melhor do jeito que você consegue. Dá um trabalho doido e é solitário, é difícil. Ser feliz não é para qualquer um, não, é bom que se diga. Muito mais fácil é pedir ao outro que nos faça feliz, fazê-lo prometer e jurar que vai cumprir e chorar porque o coitado não deu conta do recado – que, frise-se – é impossível mesmo. A felicidade (a sua, a minha, a nossa) é um processo de cada um e não sou eu que vai te fazer feliz, assim como você não me fez, não me faz, nem me fará. Eu sou feliz quando estou com você porque aqui no meu processo você faz parte da minha felicidade. Somos um cada um e pode ser que lá pelas tantas a minha felicidade já não caminhe a seu lado, que eu já não seja mais aquilo que você precisa/quer para ser parte da sua vida feliz ou vice-versa. Pode ser que o que você precise para ser feliz seja achar alguém que pense ser possível ser responsável pela sua felicidade e que lhe prometa isso, por mais impossível que isso seja. Contudo, o que eu posso lhe prometer é tão somente ser sua cúmplice, co-autora e partícipe, mas jamais responsável. Sei que a cada dia que eu te olhar e te ver feliz, vou me sentir parte disso e me orgulhar, mas se eu tiver que caminhar com o peso de uma responsabilidade impossível, vou me fazer infeliz.  Estarei aqui, sim, enquanto tu também fizeres parte da minha felicidade. Para enfrentar os monstros, sim. Para estar triste, também. Para chorar contigo quando der vontade, para te ajudar em tudo que estiver a meu alcance. Mas só enquanto isso for felicidade, pra ti e pra mim.

 

(Da Ticcia, e a gente concordamos bem muito e bastante)