"A tua cabeça rodou na direção do meu rosto, os teus olhos fecharam-se e tua boca avançou para a minha, através de uma lenta rota de luz, risos e lágrimas. Quando os teus dentes morderam os meus lábios alguém gritou "Bravo!" como na ópera e eu soube que nunca uma rapariga havia sido assim mada. "Espere", dizias tu, "connosco há-de ser diferente". Travavas-me o corpo todo com um beijo na palma da mão, os meus dedos agarravam-se, entontecidos, à curva funda das tuas pálpebras, e desse canto macio de pele eu inventei um homem para sonhar até ao dia branco da nossa eternidade. (…)
(Inês Pedrosa, em Nas Tuas Mãos)