Arquivo para outubro, 2009

Estranhado

Posted in Não categorizado on 30/10/2009 by adrianatribal
 
 
 

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Olá estranho,

Eu serei a moça perdida no corredor das verduras, entre alfaces e espinafres, com os pés manchados de beterraba e morangos.

Vou usar pra te encontrar teus olhos estraçalhados e nada mais, e terei nas mãos pétalas secas e poeirentas, dessas que soltam pó de estrelas quando é rápida a aproximação.

A hora continua a combinada, quando o sol já se apagou mas os neons não estão acesos, aquela hora em que a música é uma cacofonia de trinados e buzinas (ao longe tem um oboé tocando…)

Eu direi teu nome secreto e a senha escrita por um disléxico sonâmbulo e desvairado.

E você chamará meu nome, enigma devorador e insistente, preso na tua garganta desde sempre.

E nossas bocas estarão sangrentas quando se afastarem.

Não tem como errar a pessoa certa agora…

 

 

Porque existem coisas.

Posted in Dos desvarios. on 30/10/2009 by adrianatribal
 
 
 
No seu lugar eu não fecharia meus olhos ainda
Não apagaria a luz nem trancaria as janelas
Porque tem coisas que você precisa entender
Coisas que você precisa ouvir de mim
 
Eu não diria uma única palavra agora
Não tiraria conclusões nem pararia para pensar
Por que existem coisas que eu preciso te dizer
Coisas que você quer ouvir de mim…
 
 

Falando sobre YouTube – Jorge Palma – Encosta-te a Mim

Posted in Orgulhos on 26/10/2009 by adrianatribal

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos

encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar

encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos

não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

 

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviverem nome da terra,

no fundo p´ra te merecer

recebe-me bem, não desencantes os meus passos

faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

 

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo

o que não vivi, hei-de inventar contigo

sei que não sei, às vezes entender o teu olhar

mas quero-te bem, encosta-te a mim.

 

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes

vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal

recebe esta pomba que não está armadilhada

foi comprada, foi roubada, seja como for.

 

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis

em nome da estrada onde só quero ser feliz

enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada

vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

 

– Jorge Palma – Encosta-te a Mim
  

 Porque às vezes um domingo enferruscado sorri na madrugada de segunda…

Obrigado por isso…

 

 

Corporal.

Posted in Oh yess!!!!! on 25/10/2009 by adrianatribal
 
 
Meu carinho é sangrado
Esses aí de pluma e pelica
não dão sonho no olho
não doem prazer nos poros
que não brotam das feridas.
Meu carinho é acidentado.
Cai aos borbotões
na minha ponta de faca
goteja lá um bálsamo
se lambe, se acaricia.
Vermelho-bicho é o meu carinho
 
Sem hemorragia
eu não-vivo.
 
(Beatriz Chacon)
 
 

A Vaca

Posted in Orgulhos on 22/10/2009 by adrianatribal

Descobri um parente famoso da Vaca!!!!!!

Pré visão.

Posted in Comidas e bebidas on 20/10/2009 by adrianatribal
 
 
Caoticando - Pedra da previsão do tempo
 
 
 

Correspondência selada

Posted in Orgulhos on 19/10/2009 by adrianatribal

Ela está aí agora, ela  é esse cheiro impregnado nas toalhas brancas, e é seu esse olhar que está atrás da porta, acompanhando tua chegada cansada vagarosa e quente, ela está entre as folhas das plantas no pátio, mirada cuidadosa entre verdes desmaiados e poças d’água, ela se deixou ficar no fio de cabelo derrubado no chão da sala batido pelo vento e empurrado para longe dos olhares curiosos, são dela essas falanges nas frestas das persianas que teriam permanecido mais tempo não fosse o frio do fim da tarde e os relógios loucos e apressados, é dela essa vaidade espalhada no chão do banheiro e o sabonete que permanece como prova e fato, ela não foi embora quando os motores roncaram, nem quando já não tinha teus olhos escuros e calmos sobre suas costas, ela preferiu ficar, uma mancha de tempo perdida entre sorrisos e palavras desconexas claras e nervosas, e é dela esse gosto no fundo da tua garganta, gosto de menta e fumaça, ansiedade e aceitação, (e é teu ainda o gosto na boca dela) ela permanece nos objetos que voam nesses desenhos novos de riscos sem cálculo e sem direção, ela mora tatuada na tua memória, imagem pálida e sem contornos longe do que a definiu, e dentro do que ela sempre soube que existia.

Craigh na Dun…

Posted in Livros on 15/10/2009 by adrianatribal

   Acordei três vezes na madrugada. Na primeira, de tristeza, depois de pura alegria e, finalmente, de solidão. As lágrimas de uma profunda perda acordaram-me devagar, banhando meu rosto como o toque reconfortante de um pano úmido em mãos tranquilizadoras. Virei o rosto no travesseiro molhado e naveguei por um rio salgado, para dentro da dor relembrada, para as profundezas subterrâneas do sono.
  Despertei, então, de pura alegria, o corpo arqueado nos espasmos da união física, sentindo o toque de seu corpo ainda em minha pele, morrendo ao longo dos caminhos dos meus nervos como as ondulações da consumação espalhando-se a partir do centro do meu ser. Repeli a consciência, virando-me outra vez, buscando o cheiro pungente e penetrante do desejo satisfeito de um homem e, nos braços reconfortantes do amado, dormi.
  Na terceira vez, acordei sozinha, além do alcance do amor ou do sofrimento. A visão das rochas estava nítida em minha mente. Um pequeno círculo, pedras em pé no topo de uma colina verde e íngreme. O nome da colina é Craigh na Dun; a colina das fadas. Alguns dizem que a colina é encantada, outros que é amaldiçoada. Todos tem razão. Mas ninguém sabe a função ou o propósito das pedras.
  Exeto eu. 

(Diana Gabaldon, em A libélula no Âmbar)

Ausência

Posted in Oh yess!!!!! on 15/10/2009 by adrianatribal

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu
sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz Não
te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado Quero só que surjas em
mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de
orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como
nódoa do passado Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra
face Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a
madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o
grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e
ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu
abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos
silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das
estrelas Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz
serenizada.

(Vinicius De Moraes)

Falando sobre YouTube – ILUSION JULIETA VENEGAS FT MARISA MONTE

Posted in Dos desvarios. on 14/10/2009 by adrianatribal